Pois é…

“DESABAFO

Na fila do supermercado, o homem da caixa diz a uma senhora idosa:

A senhora deveria trazer os seus próprios sacos para as compras, porque os sacos de plástico não são amigos do meio ambiente.

A senhora pediu desculpa e disse:

– Não havia essa onda verde no meu tempo.

O empregado respondeu:

– Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. A sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso meio ambiente!

– Você tem razão – respondeu a senhora idosa – a nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidas à loja. A loja mandava-as de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de as tornarmos a utilizar, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas outras vezes.

Realmente não nos preocupámos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até ao comércio, em vez de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência cada vez que precisamos de caminhar dois quarteirões.

Mas você tem razão. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Naquele tempo, as fraldas de bebés eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam as nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido dos seus irmãos mais velhos e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos uma televisão ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha um ecrã do tamanho de um lenço, não um ecrã do tamanho de um estádio (que depois será descartado como ?).

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para enviar pelo correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico com bolhas que duram quinhentos anos para se degradarem. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a relva, era utilizado um cortador de relva que exigia músculos. O exercício era extraordinário e natural e não precisávamos de ir a um ginásio e usar máquinas para fazer de conta que caminhamos e que também funcionam a eletricidade. Preferíamos caminhar na cidade ou no campo.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupações com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora envenenam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta várias vezes em vez de comprar outras. Abandonámos as navalhas (afiáveis), e agora deitamos fora todos os aparelhos ‘descartáveis’ e poluentes só porque a lâmina deixou de cortar.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas apanhavam o autocarro e os meninos iam de bicicleta ou a pé para a escola, em vez de usar a mãe ou o pai como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos apenas uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então não é engraçado que a atual geração fale tanto no meio ambiente, mas não queira abrir mão de nada e não pense em viver um pouco como na minha época?”

(Recebido por email) 

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Língua portuguesa escrita

“Quando eu escrevo a palavra acção, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o C na pretensão de me ensinar a nova grafia.

De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa.

Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim.

São muitos anos de convívio.

Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes CCC’s e PPP’s me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância.

Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: – não te esqueças de mim!

Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí.

E agora as palavras já nem parecem as mesmas.

O que é ser proativo?

Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.

Depois há os intrusos, sobretudo o R, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato.

Caíram hifenes e entraram RRR’s que andavam errantes.

É uma união de facto, e para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em ‘há de’ há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem.

Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os EEE’s passaram a ser gémeos, nenhum usa ( ^^^) chapéu.

E os meses perderam importância e dignidade; não havia motivo para terem privilégios. Assim, temos janeiro, fevereiro, março, são tão importantes como peixe, flor, avião.

Não sei se estou a ser suscetível, mas sem P, algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.

As palavras transformam-nos.

Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos.

Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do C não me faça perder a direção, nem me fracione, e nem quero tropeçar em algum objeto.

Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um C a atrapalhar.”

 

(Recebido por email)

 

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Divirta-se!:)

 A precisar de uma massagenzita no ego? Vá aqui:

 http://obtampons.ca/apology

(Escrever o nosso nome e esperar que o artista faça o resto…:):) )

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13º mês

“13º Salário NUNCA Existiu…

Nunca tinha pensando sobre este aspecto. Brilhante, de fato!

Os trabalhadores ingleses recebem os ordenados semanalmente!

Mas há sempre uma razão para as coisas e os trabalhadores ingleses, membros de uma sociedade mais amadurecida e crítica do que a nossa, não fazem nada por acaso!

Ora bem, cá está um exemplo aritmético simples que não exige altos conhecimentos de Matemática, mas talvez necessite de conhecimentos médios de desmontagem de retórica enganosa.

Lembrando que o 13º no Brasil foi uma inovação de Getúlio Vargas, o “pai dos pobres” e que nenhum governo depois do dele mexeu nisso.

Porquê? Porque o 13º salário não existe.

O 13º salário é uma das mais escandalosas de todas as mentiras dos donos do poder, quer se intitulem “capitalistas” ou “socialistas”, e é justamente aquela que os trabalhadores mais acreditam.

Suponhamos que você ganha R$ 700,00 por mês. Multiplicando-se esse salário por 12 meses, você recebe um total de R$ 8.400,00 por um ano de doze meses.

R$ 700,00 X 12 = R$ 8.400,00

Em Dezembro, o generoso governo manda então pagar-lhe o conhecido 13º salário.

R$ 8.400,00 + 13º salário = R$ 9.100,00

R$ 8.400,00 (Salário anual)

+ R$ 700,00 (13º salário)

= R$ 9.100,00 (Salário anual mais o 13º salário)

… e o trabalhador vai para casa todo feliz com o governo que mandou o patrão pagar o 13º.

Façamos agora um rápido cálculo aritmético:

Se o trabalhador recebe R$ 700,00 mês e o mês tem 4 semanas, significa que ganha por semana R$ 175,00.

R$ 700,00 (Salário mensal)

dividido por 4 (semanas do mês)

= R$ 175,00 (Salário semanal)

O ano tem 52 semanas (confira no calendário se tens dúvida!). Se multiplicarmos R$ 175,00 (Salário semanal) por 52 (número de semanas anuais) o resultado será R$ 9.100,00.

R$ 175,00 (Salário semanal)

X 52 (número de semanas anuais)

= R$ 9.100,00

O resultado acima é o mesmo valor do Salário anual mais o 13º salário Surpresa!!

Onde está, portanto, o 13º Salário?

A resposta é que o governo, que faz as leis, lhe rouba uma parte do salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30 dias, outros com 31 e também meses com quatro ou cinco semanas (ainda assim, apesar de cinco semanas o governo só manda o patrão pagar quatro semanas) o salário é o mesmo tenha o mês 30 ou 31 dias, quatro ou cinco semanas.

No final do ano o generoso governo presenteia o trabalhador com um 13º salário, cujo dinheiro saiu do próprio bolso do trabalhador.

Se o governo retirar o 13º salário dos trabalhadores da função pública, o roubo é duplo.

Daí que não existe nenhum 13º salário. O governo apenas manda o patrão devolver o que sorrateiramente foi tirado do salário anual.

Conclusão: Os Trabalhadores recebem o que já trabalharam e não um adicional.

13º NÃO É PRÊMIO, NEM GENTILEZA, NEM CONCESSÃO.

É SIMPLES PAGAMENTO PELO TEMPO TRABALHADO NO ANO!

TRABALHE PELA CIDADANIA!

CIRCULE ISSO!”

(Recebido por email)

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Muito “Femina”

Tive uma enorme vontade de ir ouvir isto:

 

Woh woh ……….
Uhm uhm ……….
Uhm uhm ……….

Sister,
you’ve been on my mind
Sister, we’re two of a kind
So sister,
I’m keepin’ my eyes on you
I betcha think
I don’t know nothin’
But singin’ the blues
Oh sister, have I got news for you
I´m somethin’
I hope you think
that you´re somethin’ too

Oh, Scufflin’,
I been up that lonesome road
And I seen a lot of suns goin’ down
Oh, but trust me
No low life’s gonna run me around

So let me tell you somethin’ sister
Remember your name
No twister,
gonna steal your stuff away
My sister
We sho’ ain’t got a whole lot of time
So shake your shimmy,
Sister
‘Cause honey the ‘shug
is feelin’ fine

 

(Adoro a cumplicidade destas duas aqui…:))

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Este país não tem futuro!

Segue-se outro email recebido! (Outra voz que poderia ser a minha…)

Este país não tem futuro! 

“Hoje é o meu terceiro dia como aposentada.

Acordei à hora habitual e lembrei-me que, pelo menos hoje, os meus alunos não teriam tantas substituições; a sexta-feira era o único dia em que não tinham aulas comigo.
Até à última semana tinha com eles: 6 tempos de Língua Portuguesa, 3 de Língua Inglesa,
2 de Atividades de Apoio ao Estudo, 1 de Formação Cívica, 1 de Oficina de Leitura e Escrita
e 2 de apoio a Língua Inglesa. Muitas horas, ao longo de um ano e dois meses… uma
ligação profunda interrompida abruptamente. Sinto-lhes a falta e, de acordo com alguns
emails recebidos, eles também sentem a minha, mesmo os mais complicados.
Então por que saí? Limite de idade? Incapacidade física comprovada? Reforma
compulsiva?
Nada disso. Fui mesmo eu que pedi a aposentação antecipada. Tenho 57 anos e meio, 36
anos de serviço efetivo, todos na escola pública, sem licenças nem destacamentos. Saí
com 24% de penalização e com a noção clara que ainda tinha muito para dar à profissão
que segui por vocação, a que me dediquei em regime de exclusividade, seguindo o lema
“I’m a teacher, I touch the future!”.
Então o que me levou a pedir a aposentação em Dezembro último? É preciso recuar uns
anos, lembrar o ano em que começaram a transformar a profissão docente numa doença
terminal.
Em 2005, cheguei de férias em setembro e tomei o primeiro contato com as grandes
reformas da então Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. Surgiram as famosas
OTEs- ocupação de tempos escolares, acabaram os chamados “feriados” e os meninos
deixaram de poder libertar energias nos recreios quando um professor faltava e passaram a ficar na sala com outro professor, a fazer… Eu, que nunca tinha problemas disciplinares (a
partir de outubro de cada ano letivo estavam sempre resolvidos) passei por algumas
situações bem desagradáveis. O mais curioso é que, lá no pequeno mundo onde me movia,
quem faltava muito continuou e continua a fazê-lo, quem não faltava começou a ficar
exausto e a adoecer. Infelizmente são vários os colegas que se encontram afastados por
doença, principalmente a partir do ano passado. Até concordo com as OTEs, mas com
professores específicos, com tarefas próprias e a crise não deixa…
Depois vieram mais pérolas: o Estatuto do Aluno com as célebres Provas de Recuperação
(os atuais PITs –Plano Individual de Trabalho também não são muito diferentes), as
alterações ao Estatuto da Carreira Docente e a Avaliação de Desempenho Docente.
Divulgou-se a mentira da ausência de avaliação e da progressão automática. Estávamos
em 2007: exigiam a definição de objetivos individuais e eu defini apenas um: chegar à
aposentação em pleno uso das minhas faculdades mentais. Não entreguei os ditos
objetivos individuais, fui notificada por incumprimento. Até foi interessante. Nessa altura
ainda sentia fôlego para estas lutas e até me davam algum gozo. Maior ainda foi o que me
deu ver que as ameaças deram em nada, como seria de esperar.
Em 2008, criaram-se os professores titulares. Eu que sempre quis ser apenas professora,
uma professora significativa mas nada mais do que isso, tornei-me titular. A escola partiu-se completamente. Ainda por cima, o mundo burocrático desabou sobre os ditos titulares.
Sempre desempenhei cargos, não existe no meu registo biográfico um ano em que tivesse
apenas dado aulas, mas ter de desempenhar dois e três cargos por ser titular e ter a
redução máxima do art.º 79.º era muito pesado. Existiam muitos formulários, muitas siglas, muitas reuniões; escasseava o tempo para fazer o importante, para preparar aulas a sério e não de memória, para fazer avaliação diferenciada ou remediação ativa. Comecei a sentir-me deprimida. Não me deixavam cumprir a meu gosto o conteúdo funcional da minha profissão.
Ainda por cima os titulares eram prisioneiros, não podiam concorrer, eram “propriedade” dos quadros dos respetivos agrupamentos. Vi colegas serem ultrapassados por outros com
menores qualificações. Conheço alguns que continuam a fazer muitos quilómetros por dia
graças a serem titulares.
Depois chegou a Drª Isabel Alçada e pensei que as coisas podiam melhorar. Puro engano.
Escreveu uma aventura suicida, envolta em sorrisos e mensagens pueris, como aquela de
votos de bom ano letivo, que passou em todos os blogues. O novo modelo da Avaliação de
Desempenho Docente, a reformulação do Estatuto do Aluno com os tais Planos Individuais
de Trabalho, a requalificação das escolas que deixou ao país uma dívida incomensurável
(para não falar das dificuldades das ditas para pagarem a conta da luz e outras) e,
finalmente, a reorganização da rede com a criação dos Mega-agrupamentos.
Em setembro de 2009, regressei de férias com a sensação de não ter reposto as energias,
como já vinha sucedendo desde 2006. Mal entrei, informaram-me que tinha de ir
apresentar-me noutra escola, a escola sede do Mega-agrupamento. Fiquei siderada. Então
nós éramos Agrupamento TEIP e agora íamos ficar na dependência de uma escola
secundária, sem a mínima experiência do que é ser agrupamento, até porque as
secundárias eram não-agrupadas? A resposta foi afirmativa.
Ainda em choque, dirigi-me à nova Direção. Fui muito bem recebida. Na reunião geral ouvi
falar de uma fusão não desejada, de um processo doloroso que teríamos de digerir, encarar
como um desafio e transformar num caso de sucesso. A economia manda! Vamos a isso!
Ah, mas esta não era a única novidade: em 2009/10 eu seria Diretora de Turma,
Coordenadora dos Diretores de Turma do 2.º ciclo, Gestora de Disciplina e Professora
Relatora. Por último seria professora das áreas já referidas. A função de Relatora era a que
mais me custava. Tentei escusar-me. Nada feito. Em nome da senioridade, de acordo com
os critérios legais, tinha mesmo de ser eu.
Em dezembro deixei de ser Gestora de Disciplina, pois finalmente perceberam que a minha
redução estava há muito ultrapassada. O resto continuou igual. Reuniões infindáveis,
deslocações quase diárias entre escolas, às vezes três idas e vindas por dia. As reuniões
de avaliação seriam também na escola sede, pois o programa informático estava lá sediado
(onde mais poderia estar?). Lá iríamos com os dossiers, todos ao monte a lançar níveis,
faltas e observações. Isto não estava a acontecer!
Mas ainda aconteceu pior. A escola onde trabalhei desde 1987/88 tinha uma boa avaliação
externa, estava cotada como das melhores a nível nacional, nos famosos rankings aparecia
colocada bem acima das que não eram Territórios Educativos de Intervenção Prioritária.
Tudo isto era fruto de muito, muito trabalho. Mas afinal comecei a ouvir que era tudo
engano. Expressões veladas anunciavam que não era assim, frases em que ninguém era
nomeado (por razões éticas, dizia-se) afirmavam que a escola era um monte de dívidas e
compadrios. Até a um sindicato chegaram estas informações. Foi talvez a gota de água.
Comecei a ter perturbações de sono, dores de cabeça inexplicáveis, perdas de memória
(até do local onde estacionara o carro, ou, durante a noite, onde era a minha própria casa
de banho, num T2 minúsculo). O médico avisou-me do perigo que corria, aumentou-me a
medicação, quis que ficasse em casa. Não obedeci ao último conselho. Em vez disso,
entreguei o meu pedido de aposentação antecipada em dezembro. Calculava sair em
julho/agosto, de acordo com os prazos previstos.
Até ao fim do ano letivo desenvolvi todas as funções com o máximo profissionalismo, mas
sem nunca me subjugar às fações que se foram criando, sem me calar sobre a paulatina
destruição de tudo o que estava construído e fora avaliado positivamente, para ser
substituído pelo que se considera agora um bom trabalho e não passa de um conjunto de
números, grelhas, estatísticas e documentos. A minha escola descaracterizou-se
completamente: os Serviços Administrativos estão desertos, as assistentes operacionais
são deslocadas conforme as “necessidades”, ainda não há mediador/a social, os concursos
arrastam-se, o número de professores ausentes continua alto…
Senti e sinto o Mega-agrupamento como uma anexação hitleriana. Conheci pessoas
admiráveis, é certo, mas perdeu-se a articulação que existia dentro da própria escola; com o primeiro ciclo nem se fala.
A 10 de outubro, chegou a comunicação oficial da minha aposentação. Trabalhei conforme
o previsto até ao fim do mês, fiz os primeiros testes, a reunião intercalar do conselho de
turma, o preenchimento das 44 páginas de dados para estatística do modelo de Projeto
Curricular de Turma, orientei as planificações da disciplina de Inglês e a grelha de propostas para o Plano Anual de Atividades do Agrupamento e a primeira grande atividade: um concurso de chapéus para celebrar o Halloween. Tudo direitinho.
No dia 31, entreguei os prémios do referido concurso, sorridente e vestida a preceito.
Consegui suster as lágrimas na minha última aula, cantando Ghostbusters com os meus
alunos.
Quando tocou saltaram das cadeiras num abraço em cacho, que me projetou contra a
parede, fizeram-me prometer que os iria visitar. Passei o bloco à colega de História e
Geografia de Portugal, pedindo-lhes que se concentrassem, pois até iam ter teste na aula
seguinte.
Já tinha entregue as chaves do cacifo e o computador da equipa PTE que integrei desde
início.
Saí de cena.
Não irei para o ensino privado, fui sempre escola pública. Não irei ocupar vagas ou postos
de trabalho nesta ou noutra qualquer profissão, muito menos numa altura destas. Além
disso, eu só sei educar e ensinar. Encontrarei uma ocupação válida. Partirei para uma coisa
nova, ainda não sei bem o quê.
Empurraram-me para a aposentação, que a paguem muitos anos.
4 de novembro de 2011, Maria Amélia Ribeiro Vieira, professora aposentada”

Amanhã, GREVE! Sair de cena, temporariamente…

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Falou e disse!

“(por Nela Cortes a Segunda-feira, 24 de Outubro de 2011 às 20:16)

Carta Aberta ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, ao ministro da Economia Álvaro Pereira e ao ministro das Finanças Vítor Gaspar

Srs. Governantes de Portugal,

Sou uma técnica administrativa, de uma empresa pública de transportes da área metropolitana de Lisboa (que está prestes a ser destruída), sou possivelmente uma candidata séria ao desemprego, pois aquilo que está previsto para esta área é bastante preocupante. Aufiro um vencimento que ronda os 1100€ (líquido), tenho 36 anos e “visto a camisola” da minha empresa desde os 19 anos.

Tenho o 12º ano de escolaridade, porque na época em que estudava os meus pais, que queriam o melhor para mim, não tinham possibilidade de me pagar uma universidade, por isso tive de ingressar cedo no mercado de trabalho, investi na minha formação e tirei alguns cursos para evoluir, continuo a ambicionar tirar um curso superior. Pensava efectuar provas no próximo ano, para tentar ingressar numa universidade pública, faria um sacrifício para pagar as propinas (talvez com o dinheiro que recebesse do IRS, conseguisse pagá-las), mas realizaria um sonho antigo.

Comprei casa há uns anos (cerca de 7 anos), consciente de que conseguia pagar a dívida que estava a contrair, nessa altura era possível e de acordo com a lógica de evolução das coisas, a minha vida melhoraria gradualmente, este era o meu pensamento e julgo que partilhado pela maioria dos portugueses. Não vivo, nem nunca vivi acima das minhas possibilidades. Tenho um carro de 1996, porque sou contra o endividamento e achei sempre que não podia dar-me ao luxo de ter um carro melhor, confesso que já me custa conduzir aquela lata velha, mas peço todos os dias para que não me deixe ficar mal, esse carro foi comprado a pronto, custou-me cerca de 1.000€, que paguei com um subsídio de férias ou de natal, direito alienável de qualquer trabalhador. Esses subsídios permitem-me pagar o condomínio, os seguros de carro e casa, o IMI ou outras despesas extra com as quais não estou a contar (como por exemplo a oficina, quando a lata velha resolve avariar).

Até hoje paguei sempre as minhas contas a tempo e horas. Tenho um cartão de crédito que a banca me ofereceu, mas que nunca utilizo, porque sou consciente dos juros exorbitantes que são cobrados e tenho exemplos de que não se deve gastar o que não se tem. Não pago qualquer prestação para além da casa, se não tiver dinheiro, não efectuo a compra. Isto tudo para dizer, que não devo, nem nunca devi nada a ninguém. Pago todos os meus impostos, portagens, saúde, alimentação, água, luz, gás, gasolina, etc. Não tenho filhos, e hoje dou graças a deus, porque não sei em que condições viveriam se os tivesse.

Esta pequena introdução sobre a história da minha vida, que acho que não interessa a ninguém, mas apenas a mim, serve para que percebam a minha realidade, que certamente é a realidade de milhares de portugueses, haverá uns em situação muito pior e alguns em situação bem melhor. Mas posso servir bem, como um pequeno exemplo ilustrativo, para aqueles que governam um país, que por acaso tem pessoas, algo que me parece muitas vezes ser esquecido.

É esta a minha forma de demonstrar a minha indignação perante alguns comentários efectuados por alguns de vós e tendo em conta a actual situação do nosso país. Aproveitando também para lhes pedir alguns esclarecimentos.

Eu já ouvi o primeiro-ministro português, dizer que não sente que tem de pedir desculpas aos portugueses, pelo défice e pela dívida, mas pergunto Sr. Primeiro-ministro, sou eu que tenho de pedir desculpas, por um orçamento de estado herdado do governo anterior, que sem a sua ajuda não teria sido aprovado, ou já se esqueceu desse pormenor? Desde essa altura, portanto, desde o início deste ano, que vejo o meu vencimento reduzido em 5% e que contribuo mais que os outros portugueses, para o equilíbrio das contas públicas e para o défice. Sim, porque ao que me parece, eu e todos os funcionários públicos, que têm o azar de trabalhar para o estado, ou na máquina do mesmo, são mais portugueses do que os outros. Não sei se eles se contentariam em receber uma medalha, pela parte que me toca, dispenso essa honra, pois isso contribuiria para o agravamento da despesa, por isso não se incomodem, prefiro que poupem esse dinheiro e me continuem a pagar os subsídios a que tenho direito.

Direito, Estado de Direito… Neste momento e em Portugal, não consigo descortinar o que isso é, até porque a legislação e constituição têm sido ajustadas à medida, de acordo com os interesses em vigor, pois se assim não fosse, teria sido inconstitucional a redução do meu salário, bem como seria impossível, cortarem-me o subsídio de natal e de férias nos próximos dois anos, peço que me esclareçam também nestes pontos, pois existem muitas coisas que não estou a perceber, acredite, que não sou assim tão ignorante.

Outra coisa que me faz alguma confusão, é ouvi-lo dizer que o orçamento é seu, mas o défice não… Pergunto Sr. Primeiro-ministro, o défice é meu? O défice é dos trabalhadores portugueses, mas não é seu? O Sr. porventura não é português? Não contribuiu em nada para a situação em que nos encontramos? Há qualquer coisa aqui que não bate certo.

Agora aquilo que mais me transtorna é pedirem ainda mais sacrifícios ao povo português e terem a ousadia de dizer que o povo vive acima das suas possibilidades. Como já tive oportunidade de demonstrar a minha realidade, acho que não preciso voltar a explicar a minha forma de viver e a “ginástica” que tenho de fazer com meu vencimento para conseguir pagar as minhas contas e ainda assim sobreviver. Nem consigo imaginar, como farão famílias inteiras, que apenas recebem o ordenado mínimo nacional, é para mim um exercício difícil, apenas me posso compadecer, pela situação miserável em que devem estar a viver e dar-lhes também voz, nesta minha missiva.

Por isso, posso garantir que pela parte que me toca, não vivo acima das minhas possibilidades, mas certamente, que o Estado português e as empresas públicas, estão a viver acima das possibilidades de todos os trabalhadores portugueses. Apesar de relativamente a este assunto ainda não o ter ouvido dizer que iam haver cortes, ou os poucos que referiu, ainda não me conseguiram convencer… Dou-lhe alguns exemplos práticos, para que perceba e qualquer leigo no assunto também…

Vou referir-me a todos os que ocupam cargos relevantes na nossa sociedade, são eles os administradores de empresas, os directores, os autarcas, os deputados, ministros, assessores, vogais, etc. Todos eles e vocês auferem vencimentos superiores ao meu e da maioria dos trabalhadores, vamos supor que ganham entre os 2.000€ e os 10.000€ mensais, sabemos bem que estas contas não são as reais e que os valores são bem superiores, nalguns casos, mas para demonstrar o que pretendo, podemos usar estes valores como base.

Tudo o que vou descrever abaixo, é a realidade do meu país e da vossa má gestão enquanto governo. Não vos dei o meu voto, nem a todos os que passaram por aí desde o 25 de Abril de 1975. Apesar de concordar com os princípios básicos da democracia, há muito que deixei de acreditar que vivia numa. Isto não é democracia, em democracia, também se ouve o povo, em democracia os órgãos de comunicação social não manipulam a opinião pública, nem são marionetas do Governo. Acredito mesmo assim, que a maioria daqueles que votaram e vos deram a vitória nestas eleições, acreditavam de facto numa mudança, mas mais uma vez, mudaram apenas as moscas e rodaram as cadeiras.

Por tudo isto, agradeço que descontem tudo o que descrevo em baixo dos meus impostos, porque isto, meus senhores, nem eu, nem os trabalhadores portugueses, temos possibilidades de pagar!

Esclareçam-me quanto aos seguintes pontos e quanto tudo isto me custa (a mim e a todos os contribuintes portugueses):

– Se me desloco em viatura própria para o meu trabalho e a maioria das pessoas usam o transporte público, digam-me porque é que tenho de comprar carros topo de gama para toda esta gente, que ganha no mínimo o dobro que eu e que ainda tem viatura própria superior à minha? Porque tenho de lhes comprar os BMW’s e os Audis, pagar-lhes a gasolina, as portagens, as inspecções, as revisões, os seguros, os motoristas e quanto isso me custa? Acham que o povo português pode e quer, continuar a pagar isto?

– Se tenho um cartão de crédito que não utilizo, porque tenho de vos pagar os cartões de crédito com “plafond” mensal para despesas diversas? Quem vos disse que queríamos que gastassem assim o nosso dinheiro? Quem vos autorizou?

– Se almoço no refeitório da Empresa e suporto com o meu vencimento, todas as minhas refeições, porque tenho de pagar as vossas em restaurantes de luxo? – Acham que temos possibilidade de continuar a viver assim? Como têm o descaramento de nos continuar a pedir sacrifícios?

– Se não saio do país, porque não tenho hipótese (como adorava poder efectuar uma viagem por ano), porque tenho de vos pagar, as viagens, as despesas de alojamento e as ajudas de custo? Porque viajam em classe executiva, porque ficam alojados em hotéis de 5 estrelas, se estamos a viver num país falido e endividado?

– Porque tenho de pagar os vossos telemóveis e as vossas contas?

– Porque tenho de vos pagar computadores portáteis, se para pagar o meu tive de fazer sacrifícios e ainda o utilizo ao serviço da empresa, quando necessário.

– Porque tenho de pagar 1.700€ de subsídio de alojamento, aos membros do governo que não residem em Lisboa? Se só posso pagar de renda um máximo de 500€, isto, enquanto não ficar desempregada, porque nessa altura, terei provavelmente de vender a casa ou entregá-la ao banco e procurar emprego noutro sítio qualquer e quero ver quem me vai pagar o subsídio de alojamento ou de arrendamento. Aliás onde estão esses subsídios para os milhares de desempregados deste país?

– Não quero pagar pensões vitalícias a ex-membros do governo que continuam no activo e a acumular cargos e pensões.

– Não quero pagar ajudas de custo, ninguém me paga ajudas de custo para coisa nenhuma, não tenho de o fazer a quem aufere o triplo e o quádruplo do meu vencimento.

– Não quero pagar estudos, nem pareceres, nem quero, que estejam contemplados no Orçamento de Estado, se não têm capacidade para governar, não se candidatem aos cargos, um governo ao ser constituído, escolhe as pessoas de acordo com a sua experiência e competência nas diversas áreas (ou assim deveria ser).

– Não quero pagar mais BPN’s, nem recapitalizações da banca, nem TGV’s, nem PPP’s que penalizam sempre o estado e beneficiam o privado.

– Não quero mais privatizações em áreas essenciais, como a dos transportes, dos correios, das águas de Portugal, etc. Se são necessárias reformas, façam-nas, sentando-se à mesa com os trabalhadores e negociando, não aniquilando as Empresas.

– Quero uma verdadeira política de regulação e supervisão do direito à concorrência, coisa que não existe neste país.

– Quero ver nas barras dos tribunais e a indeminizarem o estado e o povo português, todos os que efectuaram crimes de colarinho branco, de corrupção, de má gestão, que defraudaram o estado em milhões de euros. Se eu cometer um crime sou responsabilizada por ele. Esles também têm de ser.

Estes são apenas alguns exemplos das despesas, que nem eu, nem a maioria dos trabalhadores portugueses, querem pagar. Por isso meus senhores, façam as contas, digam-nos quanto poupam com todas estas coisas e depois sim, podem pedir sacrifícios aos portugueses, mas a todos, não só a alguns, nem sempre aos mesmos.

Até lá, restituam-me o que me estão a roubar no vencimento desde o inicio deste ano. Peço que tirem de uma vez por todas essa ideia da cabeça, de me tirarem os subsídios de natal e de férias dos próximos anos, aliás, isso é inconstitucional e ilegal (“Os subsídios de Natal e de férias são inalienáveis e impenhoráveis”. – F. Sá Carneiro, Decreto-Lei n.º 496/80 de 20 de Outubro, promulgado em 10.10.1980, pelo Presidente da República A. Ramalho Eanes), acho que estão a ter algum problema com os vossos responsáveis da área jurídica e não vos estão a prestar os devidos esclarecimentos, por isso, deixo aqui o meu pequeno contributo.

E para não dizerem que nós não queremos fazer sacrifícios, deixo também uma pequena lista das áreas para onde quero contribuir, com os meus impostos e onde quero ver o meu dinheiro aplicado:

– Posso continuar a descontar para a Segurança Social e a mantê-la sustentável, para pagamento de:

– Reformas daqueles que trabalharam e descontaram uma vida inteira, daqueles que lutaram pelo nosso país e foram obrigados a ir para uma guerra, que não era deles e onde ainda hoje impera a vergonha nacional, na forma como são tratados os ex-combatentes. Não me importo e concordo, que a reforma mínima, seja aumentada para um valor que garanta dignidade aos nossos idosos, o que está longe de acontecer nos dias de hoje;

– Abono de Família, com aumento para as famílias mais desfavorecidas ou com rendimentos inferiores a 1.000€ (aumentando de acordo com o número de filhos).

– Pagamento de subsídio de apoio social, desde que verificada a real necessidade da família ou indivíduo. Bem como, de todos os subsídios (de doença, desemprego, assistência à família, maternidade, etc.), desde que verificadas as situações, o que me parece já ser uma prática comum.

– Aumento do ordenado mínimo nacional para 500€ (o que continua a ser uma vergonha).

Continuo a pagar impostos para garantir uma boa Educação, Saúde, Justiça (neste caso para todos e não só para alguns), Segurança, Cultura, ou seja, para todas as áreas onde o governo tem reduzido e quer reduzir ainda mais, ao abrigo da austeridade.

Agora peço-vos que não insultem mais a inteligência dos portugueses, a única coisa estúpida que fazem, é continuar a dar poder a pessoas pequeninas como os senhores, que pouco ou nada contribuem para lhes melhorar a vida.

Não nos voltem a dizer, que estas medidas são necessárias e suficientes, porque sabemos que é mentira e enquanto não apostarem no crescimento real da economia, na produção de recursos e na criação de emprego, todas as medidas que tomarem, terão um efeito nulo e só agravarão a situação do país e das famílias. Não é necessário ser um grande génio financeiro, pois até o Sr. Zé da mercearia (com todo o respeito que tenho pelo sr., e que apenas estudou até à 4ª classe), percebe isto.

Não nos comparem nunca mais, com outros países mais desenvolvidos, ou quando o fizerem, esclareçam também, quais os benefícios sociais que eles têm e os ordenados que eles recebem, digam também quanto pagam de impostos e por serviços e quanto pagamos nós. Somos dos mais pobres e dos que mais pagam por tudo. Por isso meus senhores não nos peçam mais nada, porque já passaram todos os limites.

Fico a aguardar uma resposta a todas estas minhas questões.

Não me despeço com consideração, porque infelizmente, ainda não a conseguiram ganhar.

Manuela Cortes”

(Recebido por email)

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PROFESSORES

Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança.

Artigo |15 Outubro, 2011 – 00:17

Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios – José Luís Peixoto

O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objectos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos actualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita.

O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efectiva. O trabalho dos professores é a generosidade.

Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O acto que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.

Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu.

Envergonhem-se aqueles que dizem ter perdido a esperança. Envergonhem-se aqueles que dizem que não vale a pena lutar. Quando as dificuldades são maiores é quando o esforço para ultrapassá-las deve ser mais intenso. Sabemos que estamos aqui, o sangue atravessa-nos o corpo. Nascemos num dia em que quase nos pareceu ter nascido o mundo inteiro. Temos a graça de uma voz, podemos usá-la para exprimir todo o entendimento do que significa estar aqui, nesta posição. Em anos de aulas teóricas, aulas práticas, no laboratório, no ginásio, em visitas de estudo, sumários escritos no quadro no início da aula, os professores ensinaram-nos que existe vida para lá das certezas rígidas, opacas, que nos queiram apresentar. Se desligarmos a televisão por um instante, chegaremos facilmente à conclusão que, como nas aulas de matemática ou de filosofia, não há problemas que disponham de uma única solução. Da mesma maneira, não há fatalidades que não possam ser questionadas. É ao fazê-lo que se pensa e se encontra soluções.

Recusar a educação é recusar o desenvolvimento.

Se nos conseguirem convencer a desistir de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrámos, o erro não será tanto daqueles que forem capazes de nos roubar uma aspiração tão fundamental, o erro primeiro será nosso por termos deixado que nos roubem a capacidade de sonhar, a ambição, metade da humanidade que recebemos dos nossos pais e dos nossos avós. Mas espero que não, acredito que não, não esquecemos a lição que aprendemos e que continuamos a aprender todos os dias com os professores. Tenho esperança.

Artigo de José Luís Peixoto, publicado na revista Visão de 13 de Outubro de 2011 (Recebido por email)

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Olá, mundo!

Sim, ainda cá ando. Mas o Spaces andou a fazer mudanças por conta própria e agora mal conhecia a minha casinha… Quando houver tempo, venho explorar mais.

Até um dia destes.

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Gil Vicentes…

Resposta de um aluno de liceu a uma pergunta sobre a obra dramática de Gil Vicente, transcrita no Público de 11.8.2004 :

 

     "Eu não tenho dúvidas que o Gil Vicente é muito importante, a pesar de nunca ter ganhado o campionato de futebol. É importante porque ás vezes ganha ao Benfica, otras ao Sporting e otras ao Porto, tirando a eles o primeiro logar. E também por isto é que a sua obra é dramática porque é um drama para os benfiquistas, os sportinguistas e os portistas quando ganha."

(Recebido por email)

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